Muitos dos preconceitos que existem hoje, não resistiriam a uma reflexão com a mais elementar lógica porque os avanços da medicina, da ciência desmistificaram muitos mitos antigos.
No entanto, não é assim que funciona a mente humana, que no seu coletivo, formando o que conhecemos por senso comum, mistura concepções antigas que sobrevivem com as novas. A contradição é um dos caprichos de todas as sociedades.
Assim, ao mesmo tempo que preconceitos e dificuldades para a inclusão sobrevivem no sistema educacional brasileiro, temos leis e esclarecimento suficiente disponível para evitar que tais mazelas permaneçam. Sobre este processo, considero pertinente o que diz Gramsci:
"Deve-se, portanto, explicar como ocorre este fato, a saber, que em cada época coexistiam muitos sistemas e correntes de filosofia; explicar como eles nascem, com se divulgam, porque na divulgação seguem certas linhas de separação e certas direções, etc. Isto demonstra o quanto é necessário sistematizar crítica e coerentemente, as próprias intuições do mundo e da vida, fixando com exatidão o que se deve entender por 'sistema', a fim de evitar compreendê-lo em um sentido pedantesco e professoral. Mas esta elaboração deve ser feita, e somente pode ser feita, no quadro da história da filosofia, que mostra qual foi a elaboração que o pensamento sofreu no curso dos séculos e qual foi o esforço coletivo necessário para que existisse o nosso atual modo de pensar, que resume e compendia toda esta história passada, mesmo em seus erros e em suas loucuras, os quais, ademais, não obstante terem sido cometidos no passado e terem sido corrigidos, podem ainda se reproduzir no presente e exigir novamente a sua correção."¹
¹ GRAMSCI, Antonio. Concepção Dialética da História. 3° Ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1978.