As questões relacionadas ao gênero constituem um grande entrave para o aprofundamento da democracia. Isto acontece porque ainda é aceito na sociedade o discurso de que a sociedade patriarcal e a heterossexualidade são naturais e tudo o que for distoante é "opção", "exótico" ou mesmo algo a ser tolhido.
As religiões cristãs, tradicionalmente ligadas a regimes aristocráticos e portadora de uma ideologia machista e homofóbica, ainda influenciam uma parte considerável da sociedade, que considera a discriminação aos gays um ato aceitável.
A ideia de que existem características inerentes ao gênero masculino e ao feminino estão enraizados no meio educacional, desde a formação da fila de alunos na escola, até em processos democráticos, como a divisão na eleição de representante de sala: um menino e uma menina.
Este reforço dos estereótipos acaba indo na contra-mão da democratização do país e é um ranço de preconceitos e limitadores da liberdade humana que ainda coloca uma parte considerável da população em situação de desvantagem. As meninas sentem isso ao ter que seguir um padrão moral socialmente construído que lhe coloca em posição de objeto ou complemento do homem, e o homossexual em ter que esconder sua identidade para resguardar sua própria integridade.